A angústia de começar a escrever, essa eu jamais tive. Agora, a de escrever e ser lida por mais de dez pessoas (a minha família), sim. Não a angústia de ser criticada por erros ou estilo, mas aquela de não ser relevante. Sempre que escrevia, ouvia uma voz agudamente antipática dentro da minha cabeça, como a da bruxa má do oeste, (aquela toda verde, que virou fumaça quando a Dorothy jogou água nela) dizendo:
“Quem se importa, queridinha?”
Eu nunca soube responder, pois jamais havia me colocado à prova. E essa notícia ruim e boa, ao mesmo tempo, eu vou dar pra ti. Só soube que o que eu tinha a dizer era relevante quando passei a deixar trechos do que se passa aqui dentro para quem quisesse pegar.
Olha, bruxa. Bastante gente se importa.
Não se pode escrever buscando palco. A escrita não deve ser um mecanismo regulador da estima do escritor. O talento e esforço não são medidos por engajamento, embora a gente ame receber o retorno do leitor, seja em forma de avaliação, mensagem carinhosa ou conteúdo.
Como diz uma amiga e excelente escritora e professora Letícia Mayer, escrever é um processo solitário, mas falar sobre ele, não precisa ser.
Faz pouco que li algo que dizia: “Escrever é ir deixando pedaços de si para que sejam encontrados. Pode demorar. Pode levar dias, meses, anos, e pode até nunca acontecer.”
Termino essa reflexão agradecendo a quem já encontrou partes do meu pensamento e das minhas emoções, e, de alguma forma, foi importante.
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“Quem se importa, queridinha?”
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Tá na hora do Histórias na Caixinha! A gente vai conhecer a história da Tizia e do Clóvis. Eu vou dar a minha singela opinião no final. Vamos lá.
“O trânsito era uma loucura, como sempre. Carros parados, buzinas incessantes e a pressa evidente de quem seguia na correria do dia a dia. Mas Clóvis, no conforto do seu carro, com o ar-condicionado ajustado à temperatura ideal e suas músicas favoritas preenchendo o silêncio, dirigia em um ritmo calmo, quase alheio ao caos ao seu redor. Seus pensamentos, no entanto, estavam longe de serem tão tranquilos quanto o ambiente em que se encontrava.
Ele seguia rumo àquele pequeno apartamento emprestado por um amigo. Um espaço modesto, mas que havia se tornado o refúgio perfeito para os últimos dias. Ali, longe da rotina habitual, buscava organizar seus sentimentos e entender o que realmente era importante para sua vida. Era um momento de pausa, algo que ele sabia que precisava há muito tempo, mas que somente agora tinha coragem de encarar.
A decisão de sair de casa veio após uma discussão acalorada com a esposa. Palavras duras foram ditas, e, por fim, ele usou aquele conflito como a desculpa perfeita para se afastar. Não era apenas o calor do momento; ele queria espaço para pensar, para refletir sobre o que o futuro lhe reservava. Contudo, esse afastamento também trouxe consigo uma confissão. Ele contou à Tizia que havia deixado o lar após a briga e que, agora, esperava dela uma atitude. “Eu fiz a minha parte,” disse, tentando colocar o peso das escolhas também nos ombros dela.
Os dias seguintes no apartamento foram um misto de silêncio e inquietação. Porém, conforme o fim do ano se aproximava, ele não conseguiu ignorar os laços familiares que ainda o prendiam. Voltou para casa para passar as festas com a esposa e as filhas. Queria estar ali, entre os risos e as tradições familiares que sempre fizeram parte da sua vida.
Na noite da ceia de Ano Novo, entre taças erguidas e o aroma de chester assado, ele sentiu a necessidade de ligar para Tizia. Contou onde estava, descreveu a cena e a refeição que compartilhava com a família. Do outro lado da linha, a reação foi de incredulidade. Ela, sem esconder a decepção, disse apenas: “Você quer mesmo é ciscar para trás.”
Aquelas palavras ficaram ecoando em sua mente. Entre os sorrisos das filhas e os olhares da esposa, ele percebeu que não havia mais espaço para indecisões. Era hora de enfrentar as consequências de seus atos e decidir, de uma vez por todas, para onde queria caminhar. Afinal, continuar a ciscar entre dois mundos era o mesmo que permanecer parado, enquanto a vida seguia adiante.”
Toma, Clóvis. Quem tudo quer, tudo perde. Te liga, magrão.
Comentem o que vocês acharam!
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A próxima história pode ser a tua.
Envia pra mim, e, no fim , faz uma autorização assim:
Escrita por : Lalalalala, residente à rua tatatatata, nascido em 8888888. Autorizo Andrea Albuquerque a publicar este relato na plataforma Substack.
Me escrevam os codinomes a serem usados. O relato é sigiloso.
O e-mail é: coeendoandrea@gmail.com. Manda logo, tô esperando.
Até a próxima newsletter. Com amor,
Andrea ✨
"Quem come calado, come dobrado" dito popular desconhecido por Clóvis, o vacilão.
Já quero mais Déa👏🏻👏🏻👏🏻